Quem observa o trabalho de sapa que o PT faz,
há tempo, para destruir os alicerces do Real (câmbio flutuante; política de
juros para controle da inflação e superávit fiscal) preveria o que agora acontece.
(ler http://professorpaulomoura.blogspot.com.br/2012/05/tensao-na-economia-pode-afetar.html)
Os altos índices de popularidade de Dilma
impediam que os alertas de analistas econômicos independentes ganhassem eco. A
queda da popularidade de Dilma, apontada por pesquisas não publicadas, um mês atrás,
e confirmada agora pelo Datafolha, mudou tudo. O comportamento do PMDB é o
termômetro. Sarney comeu o pão que o diabo amassou na mão do PMDB quando o
Plano Cruzado naufragou. Hoje, ele e seus cúmplices amassam o pão que servem ao
PT. “Em eleição se faz o diabo”, disse Dilma. Pois é...
Hoje, não faltam analistas do óbvio para explicar
o desastre. Surpreende que investidores e agências de análise de risco tenham
demorado tanto para chegar às conclusões que os fatos permitiam antever a mais
de um ano atrás ou mais. As pesquisas de opinião eleitoral são o termômetro dessas
agências?
Em economia sou palpiteiro. Mas, tenho uma
convicção: só é possível sair dessa situação tirando o PT do poder pelo voto em
2014 e trazendo de volta ao comando da economia profissionais com as mesmas
convicções e competências daqueles que conceberam e implantaram o Plano Real.
Nada impediria o PT de repetir o que fez Lula
em 2005 (ler http://oglobo.globo.com/opiniao/tipo-palocci-8673252). Palocci gerou um
superávit fiscal maior do que o governo FHC com o objetivo de conquistar a
confiança dos banqueiros e empresários para garantir o poder de Lula. No
entanto, ainda que os petistas quisessem reeditar o Palocci de 2005, as
condições políticas para adotar essas medidas não estão à disposição do PT.
Por quê? Por causa do imperativo que preside
tudo o que o PT faz: preservar o poder conquistado! Para reeleger Dilma ou
eleger Lula os petistas precisam de votos. Só que não existe saída sem dor para
o cenário que Lula e Dilma construíram. Segundo analistas independentes, para
sair dessa situação é preciso:
a)
Dar
um “cavalo de pau” no descontrole do gasto público em ano eleitoral de maneira
a sobrar para pagar todas as despesas do Estado e mais os juros da dívida
pública (superávit nominal das contas públicas);
b)
Elevar
os juros até o ponto em que os preços parem de subir (desaquecer o consumo em
ano eleitoral);
c)
Aumentar
a competitividade das empresas brasileiras (leva tempo); e,
d)
Investir
em infraestrutura para reduzir o “custo Brasil” (privatizações cujo resultado
prático também requer tempo).
Repito, em economia sou palpiteiro. No
entanto, como Mantega também é, e os economistas “oficiais” (consultores
privados) vivem rebaixando suas projeções para o PIB, também me sinto no
direito de chutar.
Um ano atrás, quando o governo interveio no câmbio
taxando o ingresso de dólares, o Real se desvalorizou 10% trazendo a inflação aos
6,5% atuais. Hoje o Real vale 24% menos do que valia um ano atrás. Com a volta
dos investidores aos títulos do governo americano valorizando o dólar e a
bagunça que Dilma fez na economia desvalorizando o Real, a lógica é o crescimento
da inflação. E se o governo quiser conter a escalada dos preços mesmo, terá que
seguir elevando juros e desaquecendo o consumo. Portanto, entraremos no ano
eleitoral de 2014 com a inflação crescendo e o PIB caindo bem mais do que as
projeções otimistas de hoje (2,3%). É o que faria um governo sério,
comprometido com a saúde econômica da nação.
Mas, o comprometimento do PT é com sua saúde eleitoral.
Se o povo já está indignado com a inflação em 6,5%, como reeleger Dilma num
cenário pior do que o atual? Lula, o fiador de Dilma, pressionado pelo PT,
desejará voltar. Mas, como explicar que a gerentona que Lula escolheu, afundou
o Brasil? E o estrago começou com Lula! (ler http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,ao-fiador-as-batatas-,1041745,0.htm).
Os economistas do PT acreditam que a solução
para a economia brasileira está escrita nos manuais da CEPAL dos anos 1950
(gente que diz que inflação, desde que com crescimento, é aceitável). Assim
pensam os “professores de economia” de Dilma e Mantega. Além disso, o principal
consultor de Dilma é Delfin Neto, que orientou os governos militares de 1964 a
conduzirem o Brasil para um cenário econômico parecido com esse que o PT nos
lega.
A destruição dos fundamentos do Real é,
portanto, resultado de convicções e foi concebida estrategicamente e executada pelo
PT em três movimentos táticos:
1º Ato – Primeiro recuar para depois avançar:
Palocci comanda a guinada “à direita” e conquista a confiança do mercado com um
superávit primário superior ao de FHC. Mas, cessam as privatizações e as
reformas estruturais. Começa o inchaço do Estado e a explosão do gasto público
com despesas correntes.
2º Ato – A transição: Mantega substitui
Palocci e dá início à destruição do superávit primário. O ex-tucano Henrique
Meirelles contém a inflação com os juros. Lula medeia o conflito “BC x
Fazenda”. Muda-se o marco regulatório do petróleo inibindo investimentos
privados na exploração de Pré-sal e começa-se a quebrar a Petrobrás. Amplia-se
o inchaço do Estado. Cresce ainda mais o gasto público de baixa qualidade.
3º Ato – A destruição do Real: A “economista”
Dilma substitui Meirelles pelo submisso Tombini. É o fim do câmbio flutuante e
dos juros como instrumento para conter a inflação. Com a eleição de Dilma o PT,
sob a batuta da própria Dilma, comanda toda área econômica do governo. Mantega manipula
preços para maquiar a inflação, derrete as contas públicas, desequilibra a
balança de pagamentos e endivida o país. Dilma rompe contratos no setor energético
inibindo investimentos. O Secretário do Tesouro, o trotskista Arno Augustin, é
o artífice da maquiagem contábil das contas públicas. A inflação galopa e o PIB
despenca.
O desastre da economia, portanto, é obra do
PT, de Lula e de Dilma, “construído” com senso estratégico e por convicção,
repito.
As tentativas erráticas de Dilma (aumento dos
juros, privatizações de aeroportos e portos, promessas de conter gastos
públicos em ano eleitoral, e, ao mesmo tempo, incentivo ao consumo dos clientes
do “Minha Casa, Minha Dívida”) sugerem que os “economistas” do PT estão mais
perdidos do que filho de prostituta no dia dos pais. O foco do PT é o poder, e
se for necessário quebrar o país para reeleger Dilma ou Lula, os petistas o
farão.
Depois da Copa e da eleição de 2014 será um “Deus
nos acuda”. Tenho pena do próximo presidente. Dilma mereceria reeleger-se para administrar
sua herança. “Temo” que não vá!