O juiz Sérgio Moro destaca-se como
um magistrado diferenciado entre seus pares. Tirando-se os corruptos e
corruptores da conta Moro é unanimidade entre os brasileiros. Você sabe o que o
diferencia dos demais juízes e por que ele adquiriu esse destaque?
Porque ele estudou a fundo a
operação “Mãos Limpas” na Itália, que, nos anos 1990, nasceu da investigação
das relações promíscuas entre o Banco Ambrosiano (Vaticano), a Máfia e a loja
Maçônica P2 e terminou devastando o sistema político italiano ao levar à
extinção os partidos Democrata Cristão, Socialista e Comunista, imersos na
corrupção. Além disso, Moro estudou as estratégias de defesa dos advogados que
anularam, por erros técnicos de condução das investigações, operações como a
Satiagraha e Castelo de Areia, por exemplo.
Por esta razão, mais de 90%
dos procedimentos de Moro foram avalizados pelas instâncias superiores do
judiciário ao serem questionados pelos caros advogados dos corruptos e
corruptores em busca de brechas para livrá-los da cadeia por artimanhas
jurídicas amparadas em eventuais falhas processuais.
Muito embora a operação Mãos
Limpas seja vista mundialmente como um “case” de sucesso, o fato é que boa
parte de seu efeito saneador foi neutralizado, posteriormente, pelos políticos
italianos. De que forma isso foi feito?
Basicamente, por uma
estratégia que envolveu ações de comunicação visando convencer a opinião
pública de que houve exagero por parte Justiça, somadas a ações legislativas
visando flexibilizar as leis de combate à corrupção para construir condições para
a impunidade dos criminosos.
Tudo indica que a mesma
estratégia está em curso no Brasil, contando, para o sucesso dessa empreitada,
com a desmobilização da população e a perda de foco dos movimentos cívicos que
levaram milhões de brasileiros às ruas em 2014, 2015 e 2016 para derrubar o
governo corrupto do PT através do dispositivo constitucional do impeachment.
Essa mobilização de milhões de
pessoas por mais de dois anos seguidos, num processo complexo de idas e vindas,
incertezas e sofrimento, parece ter cansado o povo brasileiro. Depois da
aprovação da abertura do processo de impeachment pela Câmara dos Deputados
ocorreu uma visível desmobilização, estimulada pela subsequente confirmação da
tramitação do processo no Senado por maioria de dois terços. Em seguida,
operadores políticos do presidente Temer têm divulgado, frequentemente, que o
governo já contabiliza, pelo menos, 60 votos favoráveis à aprovação da
impugnação do mandato de Dilma Rousseff, dando a entender que a remoção de Dilma
está garantida.
Incapazes de antever o curso
dos acontecimentos, as neófitas lideranças dos diversos grupos que, em todo o
Brasil, convocavam o povo às ruas nos dois anos anteriores com foco unificado
no impeachment de Dilma, passaram a bater cabeça em torno do que fazer.
Bandeiras difusas, causas menores, divergências e brigas passaram a acontecer
no seio desses movimentos, no ambiente interno dos grupos virtuais através dos
quais foram debatidas e organizadas as ações de rua em prol do impeachment nos
anos anteriores.
Aproveitando-se da confusão e
desmobilização dos movimentos cívicos a aliança dos corruptos firmou um
ACORDÃO, se reorganizou e traçou sua linha de ação adotando a mesma estratégia
que, na Itália, foi utilizada para neutralizar os efeitos da operação Mãos
Limpas: desmobilizar protestos, mudar a percepção da opinião pública, e, em
seguida, mudar a legislação visando facilitar o trabalho dos advogados de
defesa dos bandidos.
Ao observador atento, talvez
tenha passado desapercebido o conjunto de ações em curso visando atingir esse
objetivo. Vejamos então, uma breve lista:
a)
Tentativa de reversão da decisão do STF, que,
acatando sugestão do juiz Sérgio Moro, aprovou a prisão imediata de condenados
em segunda instância;
b)
Decisão do recém-eleito presidente da Câmara
dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), de impedir a prorrogação das investigações
da CPI do Carf;
c)
Tentativa de sepultar as CPIs da UNE e da CUT
que devem investigar o destino de milhões de reais doados pelos governos
petistas a esses aparelhos do PT e do PCdoB, a pretexto de “pacificar a Casa”;
d)
Tentativa de modificar a legislação sobre a
colaboração premiada de modo a impedir a aceitação da delação de indivíduos
presos;
e)
Tentativa de modificar a legislação sobre
condução coercitiva de modo a restringir seu uso pelas autoridades policiais;
f)
Tentativa de constranger juízes procuradores e
policiais mediante aprovação de uma legislação que pode caracterizar como
“abuso de autoridade” procedimentos adotados pelas operações Lava Jato; Zelotes
e Acrônico, por exemplo;
g)
Substituição de delgados da Polícia Federal que
integram a operação Lava Jato, transferindo delegados experientes e com domínio
das investigações por outros;
h)
Investigação e intimidação judicial de líderes
dos movimentos cívicos pelo “crime” de simples exercício da liberdade de
expressão;
i)
Aprovação de legislação que autoriza juízes a
receber remuneração secreta por palestras patrocinadas por empresas ou
instituições, em evidente tentativa de institucionalizar a prática da compra de
impunidade pela corrupção legalizada de juízes.
Não
subestimemos a criatividade dos nossos corruptos e corruptores. É possível que
essa lista seja mais extensa.
Listadas
assim, em seu conjunto, essas iniciativas evidenciam uma clara estratégia em
curso, somente possível de se concretizar pela existência de três condições
básicas:
1)
A operação Lava Jato está terminando e o juiz
Moro não pode julgar políticos com mandato. O julgamento dos corruptos com
mandato demorará a ocorrer, pois acontecerá no STF, onde acumulam-se processos
que a própria suprema curte admite não ter estrutura para agilizar (sem falar
no surgimento de referências a juízes corruptos no STJ e STF, por delatores
premiados);
2)
A Desmobilização da sociedade brasileira e
perda de foco dos movimentos cívicos que convocaram o povo às ruas em 2014,
2015 e 2016;
3)
A existência de uma ACORDÃO DOS CORRUPTOS, que
envolve e cúpula de todo o sistema político (governo e oposição), advogados e
setores do judiciário.
Essa é
a questão central da política brasileira hoje, do ponto de vista do cidadão
pagador de impostos.
Se o
ACORDÃO DOS CORRUPTOS atingir seus objetivos, tudo o que foi feito nos últimos
anos pelo povo brasileiro nas ruas será jogado no lixo e não terá valido nada!
O juiz Sérgio Moro e os procuradores da Lava Jato já disseram inúmeras vezes
que, sem apoio da opinião pública, nada teria acontecido.
O que
é necessário para os corruptos e corruptores saírem-se vencedores?
Simples:
basta que você fique quieto e não saia às ruas para protestar.
Em
31/07 tem manifestação. Mexa-se!
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