quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

O ANO MAIS LOUCO DAS NOSSAS VIDAS

Independentemente de idade é difícil que algum brasileiro tenha passado por experiências tão intensas quanto as de 2016. O país experimenta o mais profundo processo de transformação da sua história.

Qualquer inventário das mudanças certamente deixaria algo de fora. E as mudanças não são só no Brasil, mas, no mundo e inter-relacionadas. Olhando-se para trás, para a dimensão política, social e econômica das transformações, alguém conseguiria afirmar com 100% de certeza que esse furacão não afetou suas vidas? Alguém, de sã consciência, pode afirmar que está absolutamente seguro com o futuro que nos aguarda?

Quem se envolveu com o Movimento do Impeachment esteve tão intensamente mergulhado nos fatos que talvez somente agora tenha condições de levantar a cabeça e olhar para trás para avaliar a dimensão da obra. Mas, esse olhar para trás deve ser breve. É imperativo evitar a colisão com o futuro. E, ao voltarmos a cabeça para a frente, o que descobrimos?

Que 2016, poderá não ser o “ano mais louco de nossas vidas”. Sim, o ciclo da mudança não está completo. Apesar de tudo o que foi feito para transformar o Brasil num país efetivamente livre, o farol da liberdade ainda está distante... O PT foi removido do poder, mas a mentalidade que levou o petismo ao governo ainda está no poder. Lula ainda não foi preso. O PT ainda existe e opera. Os partidos que nos dominam e controlam o condomínio do Estado Patrimonialista ainda são os mesmos.

A decisão de remover Dilma Rousseff do cargo obedecendo as regras do jogo constitucional não era e não é consenso entre os movimentos de rua. Mas, ela se impôs e venceu. A escolha desse caminho pressupunha a consciência de que o processo não seria nem linear; nem o mais fácil, mas o certo.

Como em tudo na vida, destruir é mais fácil que construir, e, só aquilo que se constrói com trabalho, paciência e perseverança, trilhando o caminho do certo, finca raízes sustentáveis no tempo.

A Liberdade é um bem intangível. Só percebemos seu valor quando a perdemos. Foi preciso que o petismo ameaçasse roubar a liberdade dos brasileiros para que o povo saísse da letargia para defender nas ruas, nossas famílias, nossos bens, nossos valores, nosso direito à liberdade.

Não existem atalhos para a liberdade. A única certeza para quem escolheu esse caminho e não vai desistir é de que não há certezas e não há segurança que não sejam aquelas construídas pela experiência vivida e pela conquista que resulta de árduas batalhas.

Uma parcela do povo brasileiro ainda não aprendeu essa lição. A imposição de não mais poder viver às custas do trabalho dos outros não é aceita facilmente por quem se beneficia do status quo. Há dois tipos de brasileiros que se enquadram nesse perfil. Por um lado, na base da pirâmide social, estão aqueles que se acomodaram a viver com quase nada, desde que esse quase nada lhes seja dado por governantes populistas à testa do Estado. Por outro lado, no topo da pirâmide social, estão aqueles que se aboletaram no controle da máquina desse Estado para vampirizá-lo.

Estatísticas oficiais comprovam que a elite do funcionalismo público se compõe de cerca 7% dos brasileiros. A turma dos supersalários e dos penduricalhos nos contracheques de ativos e inativos do Executivo, do Legislativo e do Judiciário.

A eles, somam-se os brasileiros das “ONGs” e das máquinas partidárias sustentadas às custas do dinheiro dos pagadores de impostos.

A eles, somam-se os brasileiros que vivem das máquinas sindicais, de trabalhadores e empresários, sustentados com cerca de R$ 3 bilhões/ano que o governo toma dos pagadores de impostos para financiar burocratas cuja atividade consiste em defender os interesses da casta que vive de sugar a riqueza de quem produz, em nome da suposta defesa dos seus “representados”.

A eles somam-se os empresários amigos do rei, cujos negócios são forjados às custas de juros subsidiados dos bancos públicos, das reservas de mercado, das isenções fiscais compradas com propinas roubadas de quem trabalha.

Esses, acima, são os cidadãos de primeira classe. Os donos do poder. Aqueles que não conhecem ainda, o significado da palavra crise. Os demais somos nós, os cidadãos de segunda classe que pagamos a conta; empreendedores obrigados a financiar “representantes” e “bem feitores sociais” cujos interesses e ideologias contrariam seus valores.

Sem medo de errar, pode-se afirmar que hoje a população brasileira se divide ao meio entre um grupo que trabalha, produz riqueza e paga a conta, e outro, que vive às custas da escravização dos primeiros. Aí se encontra a exata dimensão do desafio que nos espera em 2017. O dinheiro acabou. Chegou a hora de não mais pagarmos essa conta.

Não vai ser fácil. Vai doer no (bolso) deles dessa vez. Observe-se como eles não hesitam em usar a violência, a ameaça, a corrupção, a chantagem e a mentira para defender seu poder.
O economista austríaco Joseph Schumpeter, em seu livro “Capitalismo, Socialismo e Democracia” (1942), nos fala da “destruição criadora” para descrever o papel da inovação na economia de mercado, referindo-se à forma como o espírito empreendedor destrói os modelos de negócios obsoletos. Para Schumpeter, a inovação é o motor do crescimento econômico sustentável, ainda que ao preço de destruir negócios bem estabelecidas na velha ordem que se desfaz. Na visão do autor, esse processo corrói o monopólio do poder.


Ouso tomar-lhe emprestado o conceito para aplicá-lo ao processo político brasileiro em curso. Nossos empreendedores são os milhões que fomos às ruas entre 2014 e 2016. É chegada a hora de completarmos a tarefa. Não existe meia liberdade. Quem ousou chegar até aqui não tem o direito de desistir; nem de recuar. Bem-vinda crise, bem-vindo 2017, o “ano mais louco de nossas vidas”.

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