Na eleição que se encerra fatos
inusitados passaram ao largo da percepção dos comentaristas e cientistas
políticos que interpretam a política para veículos de comunicação. Milhões de pessoas
saíram às ruas nas principais cidades do país para apoiar Aécio no segundo
turno. Gente sem partido querendo mudança. Há algo em comum entre esse povo que
carregou Aécio nos braços no chão da rua em passeatas inéditas em véspera de
eleição e o espírito das manifestações de junho de 2013.
Fecharam-se as urnas. Aécio
reconheceu a derrota e declarou que o desafio de Dilma é reconciliar-se com a
fatia da sociedade que não aguenta mais o PT. A reação dessas pessoas sem
partido nas redes sociais foi crítica a Aécio e elogiosa à declaração do
senador Aloysio Nunes Ferreira que recusou a conciliação.
Em 01/11/2014 milhares de pessoas
voltaram às ruas em São Paulo, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte e Belém,
exigindo auditoria na apuração das eleições e garantia da investigação do
escândalo do petrolão. Em meio à multidão uma minoria, também presente nas
redes sociais, portava cartazes pedindo a intervenção militar para remover o PT
do poder.
Imediatamente a grande mídia, já
alinhada com o governo eleito, destaca esses manifestantes da multidão e tenta
caracterizar as manifestações libertárias como sendo mobilizações golpistas de
minorias isoladas.
O foco aqui é a preocupação com essa
minoria que pensa que a Intervenção das Forças Armadas (FFAA) é o atalho para
destituir o petismo do poder. Não existe atalho para uma tarefa dessa
magnitude.
Quem deseja destituir o PT do
poder de forma definitiva e eficaz, deve se convencer do erro que é pedir a
“Intervenção Militar Constitucional” mesmo sem que o PT rompa a Ordem
Constitucional de forma inequívoca e comprovada. Isso por que:
a) As
FFAA aprenderam com o golpe militar de 1964. O preço da destituição de um
presidente eleito pela força desgasta e os resultados que produz são danosos à
democracia e à imagem das FFAA. O resultado da remoção da esquerda do poder pela
força em 1964 foi sua volta ao poder em 2002, com fortes riscos de sua
perpetuação;
b) Ao
contrário do que ocorreu na Venezuela, onde Chávez, um militar, cooptou seus
pares para seu projeto de poder, no Brasil a esquerda não penetrou nas FFAA,
muitos menos nas escolas de formação dos militares profissionais. E isso faz
muita diferença.
Não sou porta-voz das FFAA. O que
digo não é opinião. É informação e análise lógica.
Isto posto, convém que esses
golpistas de araque saibam que as FFAA nada farão que fira a Ordem
Constitucional. Ou seja, se não for comprovado que o PT fraudou a eleição de
2014, as FFAA não darão um golpe contra a presidente eleita. Se não for
comprovado que o PT financiou suas campanhas de 2010 e 2014 com dinheiro
proveniente de contas no exterior abastecidas por dinheiro roubado dos
brasileiros, as FFAA nada farão contra o governo do PT.
Ou seja, o foco de quem quer
derrotar o PT é provar que houve fraude na eleição. Difícil. E/ou, que o PT é financiando
ilegalmente com dinheiro roubado dos cofres públicos, depositado no exterior e
repatriado para financiar a eleição de Dilma. Mais fácil. Alguma dúvida?
Se o PT tentar impedir a
investigação do petrolão, ou tentar impedir sua divulgação, valendo-se pra isso
de procedimentos ilegítimos, ascender-se-á o sinal amarelo nas FFAA. A ruptura
da Ordem Constitucional por parte do PT é o que determina a atitude das FFAA.
Esse recado já foi dado a Lula.
Não é por outra razão que o PT quer
desmilitarizar as polícias estaduais e centralizar o policiamento ostensivo
militarizado nas mãos do governo federal. Não é por outra razão que o PT
defende o desarmamento dos cidadãos idôneos que desejam possuir ou portar armas
para defesa pessoal. O PT não quer adversários armados.
O PT já dispõe de milícias
“desarmadas” tais como o MST e os Black Blocs. Armar essa gente é fácil e
rápido. O PT sabe que a os segmentos da sociedade que se opõem ao seu poder são
desorganizados, desarmados e que têm entre seus integrantes gente burra o
suficiente para propor a reedição do golpe de 1964. Em breve veremos os Black
Blocs e as milícias do MST nas ruas agredindo os opositores do petismo. Foi
assim em todos os regimes fascistas e comunistas.
Tudo o que o PT precisa é que
essa minoria burra siga culpando os nordestinos pela vitória da Dilma. A
vitória de Dilma se definiu em Minas Gerais e no Rio de Janeiro, inclusive com
votos de parte da "elite branca" do sul. Tudo o que o PT precisa é que aqueles
que a ele se opõem defendam o separatismo e o ódio aos nordestinos e um golpe
militar.
O que justifica que um opositor
do PT que vive no sul se oponha aos antipetistas nordestinos que lá combatem o
PT em situação de estado de sítio? Por que abandoná-los ao jugo petista?
As FFAA jamais moverão uma palha
em favor de quem joga brasileiros contra brasileiros, nordestinos contra
sulistas, pobres contra ricos, negros contra brancos, mulheres contra homens,
homossexuais contra heterossexuais, muçulmanos contra cristãos, evangélicos
contra católicos. A razão de ser das FFAA é defender a unidade nacional.
Tudo o que o PT deseja é que,
aqueles que a ele se opõem defendam a intervenção militar e a ruptura do
processo democrático. Assim fica fácil, e rápido, isolar-nos e conquistar a
opinião pública. Difícil para o PT, seria enfrentar o povo nas ruas tal como
ocorre na Venezuela, sem ter milícias armadas atirando em manifestantes e
correndo o risco de ver as FFAA irem para a rua defender o povo e a democracia
contra um partido-máfia que busca se perpetuar no poder pela força. O modelo de
oposição que o PT precisa e merece é o que o povo venezuelano pratica contra
Maduro: ativismo intenso nas mídias sociais e multidões pacíficas nas ruas até
o regime cair de podre.